Há muito tempo atrás - e aqui o tempo é subjetivo, mas entenda-se o tempo da minha existência - tinha os meus 9 ou 10 anos e andava num campo de férias. Eram umas quaisquer férias escolares e eu tinha decidido que queria passá-las em atividades com outras crianças. Lembro-me que na altura foi um desafio. Um começo. E eu sempre gostei de começos, aliás. Atirar-me de cabeça para um novo desafio, sozinha, sem conhecer nada nem ninguém. Simplesmente abraçar um desafio novo, e começar do zero. E sim, aqui estou " apenas a falar de um campo de féria s", mas para uma criança introvertida como eu era, foi um imenso desafio. Foi mais ou menos por volta dessa altura que senti - não pela primeira vez, mas de uma forma mais crua - a brutal chicotada que é o bullying. Esse parasita, silencioso, invisível, que se hospeda num rosto angelical e inocente. Comecei a senti-lo sem o saber. Não tinha consciência da ferida aberta. Era como cortar o dedo em papel, e só reparar algum tempo de
"Madness is somewhere between chaos and having a dream"