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A mostrar mensagens de novembro, 2012

Amor-próprio

E então ela percebeu que não precisava de ninguém que não precisasse dela. Saiu de cena e remeteu-se ao silêncio. Daí em diante, apenas teve motivos que lhe mostraram que, realmente, tinha feito o mais acertado.

Baby steps

Aos poucos fui abandonando as roupas de menina, cheias de medos e inseguranças. Fui subindo, degrau a degrau, nesta escadaria armadilhada que é a vida. Escadas esburacadas, escadas frias e escuras. Caminhamos, muitas vezes às escuras, iluminando o nosso próprio caminho. Nesta jornada aprendi que é cada um por si, e às tantas, o salve-se quem puder. Já lá vai o tempo que em tinha a mãe para me atar os cordões dos sapatos, ou para me cortar o bife que ia almoçar. Hoje não deixo que ninguém cuide de mim. Ah...Viver. Um equilíbrio entre escolhas e acções. E se eu penso, sim eu existo.

Inertness

Ela amava-o. Ele amava-a. Os dois em silêncio. Ela sem saber do amor dele, e ele sem saber do dela, mas ambos sentiam o coração a saltar descompassadamente, de cada vez que estavam ao pé um do outro. Ninguém notava o brilho nos olhos, mas ela olhava-o e, quando já tinha virado a cara, pensando que era impossível ele gostar dela, era a vez dele olhar, um olhar envergonhado e o pensamento de que ela nunca ia olhar para ele da mesma forma. Eles amavam-se, mas não tinham coragem de dizer o que sentiam um ao outro. Por medo da rejeição, por medo de sofrerem. Eles perderam, assim, a oportunidade de serem felizes.  Eles amaram-se.   

Silence is my bestfriend

E mais um dia vazio tinha passado. Tomou um banho de água a escaldar e vestiu o pijama ainda amarrotado da noite anterior. Depressa se enfiou na cama, coberta por todos os cobertores que conseguiu arranjar e encolhida sobre si mesma. Agarrou com força a almofada fria que a acompanhava todas as noites. Fechou os olhos. Ali estava segura. Podia agora dormir e desta vez não ia sequer agendar a hora do despertador para o dia seguinte. Iria dormir, sem horários, sem compromissos, apenas dormir até à exaustão. Ao menos assim estava bem. 

I just got back

E se perguntassem o que vem a ser o certo, Ela olharia com a cabeça torta, como a de um cão quando parece não compreender o que se passa. Aquele olhar penetrante, de quem tem sede de entender realmente como as coisas são. Talvez ela não soubesse amar, pois mais um amor tinha ido embora. Nessa imensa individualidade, onde ninguém a podia entristecer, acabavam por nascer espinhos. Espinhos para picar quem se tentasse aproximar. O medo da mágoa não deixava que lhe tocassem, ou então havia medo porque ainda não tinham tocado fundo o suficiente para que não houvesse lugar para ele. Ela já estava habituada a isso tudo. Habituada e fria, porque depois de tantas lágrimas, ela finalmente parecia ter secado. A maquilhagem borrada em volta dos olhos, tinha sido limpa na noite anterior. Agora os seus olhos apenas denotavam cansaço e...desilusão. Estava cansada de construir sonhos, planos, fantasias. E depois da desilusão, ter de destruir uma por uma, como se nada daquilo tivesse um dia exi

Two

E ali ficámos os dois, lado a lado, ambos fechados nos nossos pensamentos. Eu a pensar em ti, como se estivesses do outro lado do globo. E tu a pensar..bem, isso não sei. Secalhar eu não te entendo, nem tu mesmo. Secalhar tu também não me entendes, é difícil, eu sei. Falo pouco, por medo. O passado também me persegue e o medo acaba por me consumir, por vezes. Chego a ter medo de perder algo que nem sequer me pertence. O medo do desconhecido é enorme, talvez por isso tenha receio sempre que olho para ti. Sei da história, sei do passado, e chegam a faltar-me as forças para te fazer confiar em mim. Pior, falta-me a coragem para não te largar mais.