Vivi sempre numa bolha que me mantinha afastada do exterior. Uma bolha à prova de todas as maldades e atrocidades que pairavam na humanidade. Não conhecia a realidade exterior, não conhecia o cheiro da falsidade e hipocrisia. Os ninhos, contendo o veneno, estavam bem alto, em árvores das quais não conseguia sequer ver o topo. Não compreendia aquilo que não conseguia ver. Chegava até a ignorar a sua existência. Desconhecia a existência de armadilhas, de campos minados que esperavam, sedentos, um pé em falso, um carrasco. E eu, fui essa presa fácil. A presa ingénua, como um coelho que é atraído para a toca do lobo. Não consegui escapar a tempo, não tinha a destreza nem a sabedoria de um mundo para o qual não estava preparada. Por ali fiquei, enjaulada, com um molhe de chaves, de todas as cores e tamanhos. Não ousava tocar-lhes. Uma linha muito ténue separava-nos, eu do lado de dentro, e o resto lá fora. Preferia ficar ali, acocorada numa cega segurança de que ali, nada me poderia fazer mal. Restava-me apenas uma mão cheia de nada e outra de coisa alguma.
A mim não me interessa ser famosa, não me interessa ser reconhecida, nem saber que sabem o meu nome. Não é isso que me alimenta o ego, não tenho necessidade de ser adorada, nem idolatrada, ou whatever. Interessa que aqueles que eu gosto, gostem de mim e confiem em mim, pois isso sim, me trás felicidade. Julgar sem conhecer é fácil e está à mão de todos, mas se não conheces e falas, concerteza não tens o privilégio de conhecer. Os meus amigos conto-os pelos dedos, e esses, guardo-os a todos no coração. Para o resto do mundo sorrio, mesmo que de volta receba um pontapé. E é isso.
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