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"Dói-me a coragem que não tenho"

Levaste-me para o abismo, amarrada por uma corda, e lá me deixaste. Todos os dias ias ver-me. Afinal de contas, dizem que o criminoso volta sempre ao local do crime, e tu confirmas isso melhor que ninguém. Querias ver-me sofrer. Eras capaz de esperar sentado até que eu decidisse atirar-me, só para não ter de olhar para a tua cara e ouvir a tua voz, que me causava náuseas. Cada dia me massacravas mais um bocadinho, cada dia tentavas levar-me (ainda) mais ao extremo, e o pior, é que o conseguias. Parabéns. Podes subir ao palco e agradecer. Não sei o porquê, nem tão pouco quero saber, eu já só desejo sucumbir aos meus sentidos, para não ter de ouvir, para não ter de ver (...) 

Acabei por me atirar do abismo, estou em queda livre, e tu a assistir a tudo no teu camarote vip, batendo palmas e acenando a cara de um lado para o outro "és uma inútil" - pensas, em voz alta.

É difícil levantar-mo-nos, quando o peso do mundo se abate sobre nós. Quando a vontade não é mais uma variável significativamente relevante para que algo mude, ou apenas para dar ordem aos membros para que acabem de vez com a letargia que se instalou no corpo, e pior que isso, na tua vida. Os hematomas que são constantemente pisados, resistem gerando feridas abertas..."Vou parar de escrever, pois dói-me a mão, o corpo, o pensamento. Dói-me a coragem que não tenho".

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