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I just got back

E se perguntassem o que vem a ser o certo, Ela olharia com a cabeça torta, como a de um cão quando parece não compreender o que se passa. Aquele olhar penetrante, de quem tem sede de entender realmente como as coisas são. Talvez ela não soubesse amar, pois mais um amor tinha ido embora. Nessa imensa individualidade, onde ninguém a podia entristecer, acabavam por nascer espinhos. Espinhos para picar quem se tentasse aproximar. O medo da mágoa não deixava que lhe tocassem, ou então havia medo porque ainda não tinham tocado fundo o suficiente para que não houvesse lugar para ele. Ela já estava habituada a isso tudo. Habituada e fria, porque depois de tantas lágrimas, ela finalmente parecia ter secado. A maquilhagem borrada em volta dos olhos, tinha sido limpa na noite anterior. Agora os seus olhos apenas denotavam cansaço e...desilusão. Estava cansada de construir sonhos, planos, fantasias. E depois da desilusão, ter de destruir uma por uma, como se nada daquilo tivesse um dia existido, só para olhar para trás e não sentir nada do que sentira antes. Era mais um fim sufocante.

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Coisas desse tipo

A mim não me interessa ser famosa, não me interessa ser reconhecida, nem saber que sabem o meu nome. Não é isso que me alimenta o ego, não tenho necessidade de ser adorada, nem idolatrada, ou whatever. Interessa que aqueles que eu gosto, gostem de mim e confiem em mim, pois isso sim, me trás felicidade. Julgar sem conhecer é fácil e está à mão de todos, mas se não conheces e falas, concerteza não tens o privilégio de conhecer. Os meus amigos conto-os pelos dedos, e esses, guardo-os a todos no coração. Para o resto do mundo sorrio, mesmo que de volta receba um pontapé. E é isso.

Sometimes, the worst place you can be is in your own head

Estou de volta por aqui. Nunca abandonei totalmente este meu cantinho, mas com o passar dos anos veio o desleixo. As redes sociais e o meu trabalho nelas, fizeram com que me dissociasse das palavras e até dos livros. A realidade é que me tenho sentido vazia. Aquele sentimento de que nada faz sentido, o desprazer pelo trabalho, pelas tarefas do dia-a-dia, hobbies, pela vida, até. Apesar de pouco ou nada falar disto, sempre tive tendência para a depressão, a juntar à ansiedade que foi agravando nos últimos anos. O silêncio e o isolamento sempre foram a forma que usei para "lidar" com a situação. Nunca pedi ajuda, sempre achei que era tudo sinal de fraqueza e com ela vinha a vergonha de falar com quem quer que fosse sobre como me sentia. Até porque a dificuldade em explicar por palavras é sempre gigante. Se por acaso me perguntarem porque estou triste, apenas consigo responder "não sei, é por tudo". Sinto que não me consigo fazer entender, e isso deixa-me ainda pior. A

Há histórias que se fecham a cadeado

Por vezes invejo aquelas pessoas que fazem da sua vida um livro aberto. Mas só um bocadinho. Não me fazia mal nenhum ter umas quantas páginas soltas. Mas não, as páginas do meu livro estão fechadas e é a cadeado. Por vezes deixo que peguem na chave e o abram, mas apenas por momentos. Os fantasmas do passado vivem, acorrentados nos poros do meu corpo, e eu não faço nada para o evitar. Não tenho controlo em mim, quanto mais controlá-los. Chego a sentir-me uma estranha em mim, a patinar de um lado para o outro, e a derrapar aqui e ali. O medo persegue-me diariamente, por caminhos sinuosos e outros nem tanto, mas ele persegue-me e eu tento sempre esconder-me dele. Estou num buraco só meu, e mais ninguém me vê la. Porquê? Já cantava o Angélico "Ela é...um segredo fundo do mar".