Há muito que ela tinha deixado de acreditar. Tinha-se entregado, rendida ao facto de que nada podia fazer mais para que desse certo. Parte de si tinha morrido naquele momento. A esperança, que mantém vivo o ser-humano, abandonara-a. E ela nada fizera para o evitar. Viu o seu oxigênio fugir-lhe por entre as mãos, evaporar-se em cada poro do seu corpo, enquanto ela assistia, apática e inerte. Metade de si flamejava em sentimentos de culpa. A outra metade estava demasiado destruída para agir racionalmente. Enquanto isso, a sua essência já ia longe no horizonte, desvanecendo-se a cada minuto que passava.
Estou de volta por aqui. Nunca abandonei totalmente este meu cantinho, mas com o passar dos anos veio o desleixo. As redes sociais e o meu trabalho nelas, fizeram com que me dissociasse das palavras e até dos livros. A realidade é que me tenho sentido vazia. Aquele sentimento de que nada faz sentido, o desprazer pelo trabalho, pelas tarefas do dia-a-dia, hobbies, pela vida, até. Apesar de pouco ou nada falar disto, sempre tive tendência para a depressão, a juntar à ansiedade que foi agravando nos últimos anos. O silêncio e o isolamento sempre foram a forma que usei para "lidar" com a situação. Nunca pedi ajuda, sempre achei que era tudo sinal de fraqueza e com ela vinha a vergonha de falar com quem quer que fosse sobre como me sentia. Até porque a dificuldade em explicar por palavras é sempre gigante. Se por acaso me perguntarem porque estou triste, apenas consigo responder "não sei, é por tudo". Sinto que não me consigo fazer entender, e isso deixa-me ainda pior. A...

Comentários
Enviar um comentário
As tuas palavras também contam