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Insane

O relógio já marca a meia-noite, há muito tempo que não me lembrava o que era sair tão "cedo". O trabalho acabou, mas depressa se instalou o vazio. O ponteiro dos segundos, outrora imperceptível, ecoa agora pesadamente nas têmporas, para me lembrar que afinal até tenho uma vida. Merda. Era suposto ter uma vida, mas parece que me esqueci de como era viver a minha. Mais um dia em que falei com dezenas de pessoas, em que fiz o meu melhor sorriso, em que me superei e, para além de cumprir os meus objetivos, tornei o dia de alguém um pouco melhor. Objetivo cumprido. E agora o ponteiro continua, já me esquecia de como o tempo voa, e da dor que já há algum tempo se instalou no meu peito. Lembrei-me. Não sou boa companhia para mim própria e sei-o. Pensar demais pode enlouquecer, e eu que o diga. É lixado quando alguém consegue influenciar tanto a tua vida e determinar se estás bem ou mal. "Caíste-me do céu" e deste-me abrigo, e agora? Não é justo alguém entrar assim nas nossas vidas, fazer-nos sentir a pessoa mais importante do mundo, e depois de tudo, o desapego, a rejeição? Estúpida. Não passo mesmo de uma estúpida por ainda permitir que alguém me destrua assim. E tu, conseguiste colar os destroços da última vez que isso aconteceu. E fizeste-o com uma facilidade e destreza que nem sequelas deixou. E agora? Já há muito tempo que deixei de ser vício, para sentir que não passo de sacrifício. Não sou recomendável. Estou a desmoronar outra vez e em bocadinhos ainda menores.

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A mim não me interessa ser famosa, não me interessa ser reconhecida, nem saber que sabem o meu nome. Não é isso que me alimenta o ego, não tenho necessidade de ser adorada, nem idolatrada, ou whatever. Interessa que aqueles que eu gosto, gostem de mim e confiem em mim, pois isso sim, me trás felicidade. Julgar sem conhecer é fácil e está à mão de todos, mas se não conheces e falas, concerteza não tens o privilégio de conhecer. Os meus amigos conto-os pelos dedos, e esses, guardo-os a todos no coração. Para o resto do mundo sorrio, mesmo que de volta receba um pontapé. E é isso.

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Estou de volta por aqui. Nunca abandonei totalmente este meu cantinho, mas com o passar dos anos veio o desleixo. As redes sociais e o meu trabalho nelas, fizeram com que me dissociasse das palavras e até dos livros. A realidade é que me tenho sentido vazia. Aquele sentimento de que nada faz sentido, o desprazer pelo trabalho, pelas tarefas do dia-a-dia, hobbies, pela vida, até. Apesar de pouco ou nada falar disto, sempre tive tendência para a depressão, a juntar à ansiedade que foi agravando nos últimos anos. O silêncio e o isolamento sempre foram a forma que usei para "lidar" com a situação. Nunca pedi ajuda, sempre achei que era tudo sinal de fraqueza e com ela vinha a vergonha de falar com quem quer que fosse sobre como me sentia. Até porque a dificuldade em explicar por palavras é sempre gigante. Se por acaso me perguntarem porque estou triste, apenas consigo responder "não sei, é por tudo". Sinto que não me consigo fazer entender, e isso deixa-me ainda pior. A

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Por vezes invejo aquelas pessoas que fazem da sua vida um livro aberto. Mas só um bocadinho. Não me fazia mal nenhum ter umas quantas páginas soltas. Mas não, as páginas do meu livro estão fechadas e é a cadeado. Por vezes deixo que peguem na chave e o abram, mas apenas por momentos. Os fantasmas do passado vivem, acorrentados nos poros do meu corpo, e eu não faço nada para o evitar. Não tenho controlo em mim, quanto mais controlá-los. Chego a sentir-me uma estranha em mim, a patinar de um lado para o outro, e a derrapar aqui e ali. O medo persegue-me diariamente, por caminhos sinuosos e outros nem tanto, mas ele persegue-me e eu tento sempre esconder-me dele. Estou num buraco só meu, e mais ninguém me vê la. Porquê? Já cantava o Angélico "Ela é...um segredo fundo do mar".