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Time is killing you

Acordei e tive medo do tempo. Aliás, tive medo de tudo o que viria pela frente. Tive medo que o tempo te fizesse ver que a tua vida era melhor longe de mim, ou que havia por aí outras pessoas melhores que eu, ou que tivesses a certeza de que tinhas feito a melhor escolha. Acordei com a garganta seca, os olhos quase colados com restos de maquilhagem mal tirada, à mistura com água salgada que verti até adormecer. Agora, sabia que iria sentir o sufoco durante todo o dia, sabia que tinha desesperadamente de fazer algo. Sentia-me como uma criança que perde os pais num parque de diversões. O tique-taque do relógio não jogava a meu favor, e, neste momento, o tempo era o meu pior inimigo. Num impulso quis dizer tudo o que me ia nesse sítio a que chamam alma. Eu acho que já não a tenho. As palavras estão em cada poro do meu corpo, entaladas, à espera de um sopro de impulsividade. Mas tenho de me manter consciente, agarrada a uma réstia de sanidade. Hoje perguntaram-me o que significa a minha tatuagem. "Algo que já não tenho há muito tempo", respondi.

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Coisas desse tipo

A mim não me interessa ser famosa, não me interessa ser reconhecida, nem saber que sabem o meu nome. Não é isso que me alimenta o ego, não tenho necessidade de ser adorada, nem idolatrada, ou whatever. Interessa que aqueles que eu gosto, gostem de mim e confiem em mim, pois isso sim, me trás felicidade. Julgar sem conhecer é fácil e está à mão de todos, mas se não conheces e falas, concerteza não tens o privilégio de conhecer. Os meus amigos conto-os pelos dedos, e esses, guardo-os a todos no coração. Para o resto do mundo sorrio, mesmo que de volta receba um pontapé. E é isso.

Sometimes, the worst place you can be is in your own head

Estou de volta por aqui. Nunca abandonei totalmente este meu cantinho, mas com o passar dos anos veio o desleixo. As redes sociais e o meu trabalho nelas, fizeram com que me dissociasse das palavras e até dos livros. A realidade é que me tenho sentido vazia. Aquele sentimento de que nada faz sentido, o desprazer pelo trabalho, pelas tarefas do dia-a-dia, hobbies, pela vida, até. Apesar de pouco ou nada falar disto, sempre tive tendência para a depressão, a juntar à ansiedade que foi agravando nos últimos anos. O silêncio e o isolamento sempre foram a forma que usei para "lidar" com a situação. Nunca pedi ajuda, sempre achei que era tudo sinal de fraqueza e com ela vinha a vergonha de falar com quem quer que fosse sobre como me sentia. Até porque a dificuldade em explicar por palavras é sempre gigante. Se por acaso me perguntarem porque estou triste, apenas consigo responder "não sei, é por tudo". Sinto que não me consigo fazer entender, e isso deixa-me ainda pior. A

Há histórias que se fecham a cadeado

Por vezes invejo aquelas pessoas que fazem da sua vida um livro aberto. Mas só um bocadinho. Não me fazia mal nenhum ter umas quantas páginas soltas. Mas não, as páginas do meu livro estão fechadas e é a cadeado. Por vezes deixo que peguem na chave e o abram, mas apenas por momentos. Os fantasmas do passado vivem, acorrentados nos poros do meu corpo, e eu não faço nada para o evitar. Não tenho controlo em mim, quanto mais controlá-los. Chego a sentir-me uma estranha em mim, a patinar de um lado para o outro, e a derrapar aqui e ali. O medo persegue-me diariamente, por caminhos sinuosos e outros nem tanto, mas ele persegue-me e eu tento sempre esconder-me dele. Estou num buraco só meu, e mais ninguém me vê la. Porquê? Já cantava o Angélico "Ela é...um segredo fundo do mar".